Saturday, April 28, 2012

Arpoador

This is living...

A Pedra do Arpoador é o meu lugar preferido do Rio.
Fica entre Copacabana e Ipanema, é um conjunto de pedras grandes, que ficam meio puxadas para a frente na praia. Tem uma vista fantástica sobre Ipanema e Leblon, com o morro dos Dois Irmãos lá ao fundo.


O programinha habitual é ir para o arpoador ao final do dia para ver o pôr-do-sol, e quando o sol "toca" na água começam todos a bater palmas... é arrepiante! Eu uma vez estava a correr em Ipanema e enquanto percorria a orla, e toda a praia se foi levantando para aplaudir de pé aquilo que é um evento vulgar e diário, mas que tem uma beleza tão extraordinária, que merece uma agradecimento da raça humana... Surreal!
No primeiro grande Pôr-do-Sol do ano (choveu nos primeiros dias de Janeiro) a praia estava tão cheia que parecia um festival de verão - com direito a notícia de televisão e tudo!

Sempre que há algo digno de celebração (aniversários, um novo emprego, visitas de amigos, a torrada caiu ao chão com a manteiga virada para cima, por exemplo) vamos para a pedra do arpoador festejar. Só ficar lá meio sentados meio deitados na pedra ainda quente do sol, levar uma garrafa de champanhe ou umas cervejas, ficar a ver os surfistas (tem holofotes a apontar para o mar), com aquela vista fantástica: sinto-me automaticamente feliz por morar aqui.

É o meu lugar preferido aqui no Rio...


Pôr-do-Sol na pedra do Arpoador

Dia de praia perfeito!


Friday, April 27, 2012

Se não Entenderes Eu Conto de Novo Pá


A editora Tinta da China decidiu estrear-se por terras cariocas com uma abertura em grande!


Ricardo Araújo Pereira, que dispensa apresentações, veio ao Rio lançar um livro com alguns dos textos que normalmente escreve para a revista Visão: Se não Entenderes Eu Conto de Novo Pá. Já conhecia a maioria dos textos através da Visão Online, mas estes foram especialmente seleccionados para o público brasileiro. E porquê? porque eles não têm de gramar com as nossas politiquices, e não vale a pena enfadá-los com situações da vida dos nossos pseudo-famosos - perfeitos desconhecidos para os 190 milhões de brasileiros (give or take).
A grande maioria dos brasileiros não sabem quem é o RAP, nem os Gato Fedorento (apesar de acharem o nome divinal). A maneira como nós falamos é uma barreira muito grande na comunicação, e eles perdem logo a atenção. Acho mesmo importante que as editoras procurem introduzir os autores portugueses, uma vez que na escrita essa barreira linguística é quase nula (nem vamos falar no acordo ortográfico). Para além de, apesar de o número de leitores não ser percentualmente tão alto, estamos a falar de um público infinitamente maior que o português em termos de população consumidora.


Foi na Livraria Travessa no Shopping Leblon... que tem uma grande variedade de livros, num espaço amplo e extremamente agradável. Parece mesmo aquela biblioteca cosie que temos lá em casa... só é pena ficar no meio de um shopping (mas há outras espalhadas pela cidade), apesar disso, eu perco-me no meio dos livros e acabo por me extraviar da percepção temporal.
Obviamente que a quantidade de portugueses que deambulavam pela livraria nessa tarde foi bem mais elevada que o normal. A sala onde foi feita a apresentação do livro encheu, e estavam mais pessoas de pé do que sentadas. Fiquei até positivamente surpreendida por ver que havia tantos portugueses quanto brasileiros na audiência. A apresentação foi feita por Arnaldo Bloch, e não me vou pôr a divagar por todas as referencias literárias, as dissertações sobre Wittgenstein, rinocerontes, gatos e baratas... Foi muito divertido assistir a uma animada discussão onde se falou de tudo um pouco, mas aquilo que ficou assim meio no ar durante uns bons minutos foi quando, após a leitura de alguns textos (perfeitamente hilariantes) Arnaldo Bloch decidiu mencionar que "o Ricardo é o Cristiano Ronaldo da comédia" - poker face! - acho que o tempo de recuperação para esta fantástica afirmação foi mais longo para o Ricardo do que para o resto da audiência.
Posso dizer que correu tão bem, que fiquei mesmo orgulhosa por ver que o livro vai ter sucesso aqui! Os meus colegas cariocas também já mostraram algum interesse (mais por causa da entrevista no Jô, mas enfim, uma coisa leva à outra e pode ser que comprem o livro), e espero que venham muitos mais eventos como este!

Thursday, April 26, 2012

books

E porque a vida aqui não é só trabalho e festas, há também que falar de livros!

Eis que comecei a minha vida no Brasil com umas leituras softs: Jane Austen (Pride and Prejudice seguido da minha prenda de natal: Persuasion) e depois a coisa complicou-se! Já só tinha o Catch 22 para ler (do Joseph Heller), mas apesar de já conhecer o filme, e adorar a paródia militar toda, tive algumas dificuldades para ler este livro. Tem demasiados termos militares que não são assim tão fáceis de entender, mais porque uma pessoa não tem bem a certeza se é mesmo aquilo que significa uma vez que a situação em que se encontram algumas palavras já são tão surreais e absurdas, que a sua tradução verdadeira só iria tornar ainda mais absurda a coisa - prefiro não acreditar que estou mesmo a ler certa frase da forma correcta.

Em algumas livrarias já se consegue obter uma maior variedade de livros em Inglês (porque ainda fico ligeiramente incomodada com traduções para "brasileiro" - irrita-me só um bocadinho) e encontrei um poket book do Alexandre Dumas - The  Three Musketeers, que no bolso não cabia de certeza... Bom, adorei o livro, ri muito, fiquei ansiosa com as aventuras todas, a escrita é fantástica (nada de demasiado histórico, se fizermos uma comparação estúpida com Tolstoy) e fiquei com pena quando acabou! (esta semana comprei o The Count of Monte Cristo, já está preparadinho para ser devorado, eheheh)

Logo de seguida dei mais uma lambidela no livro do Pedro Rosa Mendes - Baía dos Tigres. Um conjunto de histórias recolhidas numa viagem de Angola a Moçambique, em que o próprio percurso feito pelo autor já é uma história e tanto! (para não falar das censuras que vieram a seguir, nomeadamente no início deste ano, há coisas giras nos tempos de hoje) Vale muito a pena ler. Eu li antes de ir a Angola, e voltei a ler agora, e continuo a ser absorvida. Até porque as personagens são reais, fala-se da guerra (das guerras), dos sobreviventes, dos lugares que foram, e que deixaram de ser, das minas, da pobreza, da noite, da morte, dos culpados e dos inocentes, de tudo.

E agora numa nota completamente diferente, estou em vias de terminar The Unbearable Lightness of Being, de Milan Kundera. Com algumas introduções à guerra e censura, faz-se uma dissertação sobre relacionamentos, sentimentos profundos, amor/paixão/compaixão, tudo usando como medida o "peso", a leveza ou o pesar do sentir. Muito bem escrito, estou a passar por aquela fase de embalagem de champô, não quero que acabe: gasta-se metade em 3 dias, e o resto da embalagem dura 3 meses a acabar... estou a fazer durar o livro....



Sunday, April 22, 2012

Nascer do Sol

Mudei a cama de sítio, e vi isto da janela do meu quarto:



ahahahaha... roam-se de inveja! "This is Rio baby yeah!" (ler com o british accent do Austin Powers)

Correr no calçadão

Aconteceu que comecei a correr.

Não estava na minha lista correr no calçadão, mas fiquei a gostar da coisa.
Correr à chuva então, é outra coisa! Não há ninguém a andar de bicicleta, nem putos de skate a andar aos esses no meio do caminho, nem crianças deseducadas com os respectivos progenitores a andar em sentido contrário....

Fazia o percurso de Copacabana (desde a Miguel Lemos) passando pelo Arpoador, Ipanema inteira (lindo lindo lindo), cruzava no Jardim do Alah (meio perigoso à noite, sem iluminação nenhuma) e entrava na Lagoa em direcção a casa.

Mas agora já percebi que a Lagoa é bem melhor, a vista pode não ser tão bonita, mas é muito menos poluída, e tem menos gente...para além de que são mais quilómetros e obriga-me a correr mais. E depois como é um percurso circular, cruzamos-nos com as mesmas pessoas, é engraçado.
Ao menos durmo melhor nos dias em que corro.

Jazz às Quartas

Ora, existe uma praça que fica no centro chamada Praça Tiradentes (for real) onde se situa o Real Gabinete Português de Leitura, uma biblioteca lindíssima estilo neomanuelino que parece saída de um filme do Harry Potter.






Já a Praça Tiradentes ganhou o seu nome derivado de um herói/mártir da independência brasileira, que foi executado lá perto da praça. Aparentemente ele era um homem com mil profissões, uma das quais era precisamente dentista... daí o nome. Tá explicado.

Agora o Jazz.... 

Existe uma banda de Jazz chamada Nova Lapa Jazz, que tocavam na Lapa, mas que se mudaram para a Tirandentes por razões que eu desconheço, e tocam todas as quartas-feiras à noite! É aberto a todos, gratuito, de graça, à borla!
Tocam um jazz meio funk, com um cheirinho de ska. É um ambiente descontraído, mesmo para quebrar a tensão laboral a meio da semana. É pena não começar mais cedo, mas também não acaba assim tão tarde. Para além que toda aquela envolvente arquitectónica imprime um certo carácter ao espectáculo todo... é cenograficamente imbatível! Tem todo o tipo de gente, mas é mais malta nova, alguns gringos, e algumas pessoas que saem directamente do trabalho e não é estranho ver-se pessoal de fato e gravata a curtir o som com uma geladinha na mão.
Agora começaram a apresentar outras bandas, e na semana passada foi uma fanfarra francesa muito divertida! Acho que me vou tornar habitué...





Rescaldo do Carnaval

Com o Carnaval a acabar, a cidade morre um pouco, e as pessoas vão-se abaixo. Sente-se mesmo uma certa ligeireza espiritual, que contrasta com a euforia extrema dos dias anteriores.

Mas cá em casa a coisa estava animada.
Um amigo da Marga ficou sem poiso para dormir e pediu-lhe para ficar cá em casa, mas ele vinha com um amigo que nós não conhecíamos. Não é que o moço me entra em casa e não é que ele tinha estudado com a Rita e ficaram os dois feitos parvos a olhar um para o outro, como que a abrir ficheiros dentro da cabeça e tentar cruzar dois mundos diferentes para conseguir encaixar aquela pessoa num ambiente completamente estranho.
Então, com o Álvaro e o Silveirinha cá em casa, o que não faltava era programas animados pós-carnaval. Fomos à Joatinga (a minha praia de eleição aqui no Rio) para mais um dia perfeito de praia, onde o Silveirinha conhecia já meio mundo. Não resistimos e fomos à casa do Giovanni (B&B na floresta da Tijuca: Open Road Studio) onde as coisas acontecem. Foi assim mais uma daquelas noites extraordinárias, onde os astros se alinham (eu não percebo nada de astrologia, mas tenho a certeza que havia qualquer coisa planetária alinhada) e se reúnem um conjunto de acasos que formam uma conjuntura especial.
Fala-se de tudo um pouco - livros, política, comida, bebida, fotografia, ambiente, ciências, helicópteros, cães & gatos, etc - mas a música é sempre o assunto dominante daquela casa. Obviamente que não podia faltar um showzinho musical. É um ambiente muito íntimo e familiar, as pessoas conhecem-se e formam-se boas amizades, e até se fazem conhecimentos profissionais descabidos. Estava lá um amigo de alguém, que nós não conhecíamos, com um cavaquinho, e juntou-se ao Giovanni para tocar com ele. Bem! Uau! Foi muito divertido! Acontece que ele é um músico de São Paulo que viveu nos Estados Unidos a tocar sambas brasileiros traduzidos para Inglês, mas muito bom! Le Andrade deu um show até às tantas da madrugada! Acho que ninguém queria sair dali (mas isso já é particular daquela casa).


Carnaval II

Continuando a saga carnavalesca, e para os posts não se tornarem demasiado grandes, vai mais uma descrição dos dias seguintes...
Ora, os blocos são às centenas, e todos os dias existem mais de 20 blocos espalhados pela cidade. Tivemos de fazer uma selecção dos que queríamos ver, e depois foi só seguir o aplicativo do iphone com os horários dos blocos, descrição, mapa....the real deal! A lista saiu assim com umas semanas de antecedência, não queremos que ninguém seja apanhado desprevenido!

Fomos assistir a um, cujo nome agora não me assiste, mas que começava bem cedo, no Aterro do Flamengo. O calor era insuportável (em Fevereiro estamos no pico do verão) e como podem imaginar, aquilo estava cheio de gente animada para a festa, e a maioria já estava com o depósito atestado, no que diz respeito a cerveja, obviamente... e relembro que ainda eram onze da manhã! O dia ainda estava para começar!! (Escusado será dizer, que, com aquelas temperaturas o álcool bate um pouco mais que o normal).
Enfim, foi uma animação! Tocaram assim um ska meio samba, que deu para dançar muito!
Nós as três, eu a Marga e a Carol (amiga da Marga que vive em SP, mas veio passar o carnaval connosco) fomos vestidas de havaianas: uma ligeira adaptação à fantasia de índias, a mesma saia, biquínis, umas flores et voilá! Fomos muito animadas pela rua fora, onde nos cantaram uma animada música "ha-vai-â-ná! qui sobe qui sobe qui sobe!..." Foi o nosso theme song do dia, juntamente com o "eu quero chu! eu quero cha! eu quero chu-cha-cha-chu-chu-cha!"...
Não quero que me julguem pela futilidade de andar na rambóia durante dias a fio, a saltar de bloco em bloco, a cantar músicas de qualidade duvidosa, e dançar pelas ruas de braços no ar... O Carnaval de Rua do Rio de Janeiro é uma experiência sócio-antropológica sem igual, que não se consegue descrever por palavras, nem por vídeos, nem por nada: tem que ser vivida in loco.

Anyway... Nessa tarde fomos para Ipanema, assistir ao Simpatia é Quase Amor, que foi muuuuuito bom! À beira mar, na orla, o grupo finalmente todo junto, a cantar, dançar, e depois fomos dar um mergulho no mar! Perfeito!
À noite não há blocos, mas há animação nas ruas! Fomos para a Rua Vinicius de Morais onde nos encontrámos com outro grupo de portugueses, e depois fechámos a loja, porque no dia seguinte tínhamos um bloco que prometia ser bom.
Havaianas: Carol, Marga, eu
Na segunda-feira fizemos um café da manhã especial. Mandámos vir pão, queijo, fiambre, ovos, etc, e comemos que nem uns lordes. O Pedro juntou-se a nós, e juntamente com o Gether, a Carol e a Marga, fazíamos uma tribo índia já com alguma categoria (o JP tinha ido para SP tirar um curso).
A Tribo dos índios Tuga-uhga: eu, Gether, Pedro e Carol (a Marga estava a tirar a foto, ehehe)

Fomos assistir a um bloco que toca músicas dos Beatles em samba, são os Sargento Pimenta, no Aterro do Flamengo. Como já  lá tínhamos estado no dia anterior, já sabíamos o que é que nos esperava, então chegámos mais cedo para procurar uma sombra e um sítio porreiro para ficar. Entretanto o grupo separou-se, e acho que só nós é que gostámos do bloco! Ficámos à sombra de umas árvores, com o ónibus onde a banda se encontrava virada precisamente para nós. A bateria, que estava na frente do ónibus, estava meio descoordenada e eles tiveram alguns problemas técnicos que atrasaram bastante o início da festa, e qual foi a solução que eles se lembraram que pudesse melhorar a comunicação musical entre a banda e a bateria? Meter a bateria à frente da banda! Perfeito!! Ficámos ao pé da bateria, de frente para a banda, à sombra, e com cerveja geladinha! Foi muito bom!

Nessa tarde, atravessámos o centro da cidade para ir à Praça XV onde nos encontrámos com um amigo do Pedro, o Lucas, que estava num grupo que leva o carnaval mesmo a sério, e todos os dias têm fantasias diferentes e bem elaboradas! Nesse dia estavam vestidos com camisa branca, gravata, colete estilo italiano, cachimbo na boca, cartolas na cabeça, e umas lustrosas boxers. 12 mamarrachos de cartola fazem um grupo engraçado!

Acabámos a noite nas Escadas da Lapa, um ambiente mais particular, onde parece que todos nos conhecemos só por estar ali a ouvir meia dúzia de gatos pingados a fazer barulhos com o que têm mais à mão de forma a gerar música crua (mesmo crua, como se ainda não tivesse sido cozinhada)

Foi um dia enorme.


Saturday, April 21, 2012

Carnaval I

Ora, eu sei que isto está meio desorganizado em termos temporais, mas é melhor que nada...

O Carnaval dá direito a uns dias de férias, mas como bons cariocas, todos tiram a semana inteira... Ora vamos lá fazer as contas: sexta feira à noite já conta como dia de festa... feriado na terça, logo, na segunda é obviamente ponte.... quarta feira para descanso.... e o resto da semana só porque sim, e já agora, para acabar em grande, o segundo fim-de-semana para aquilo a que se chama "o rescaldo do carnaval" - 10 dias sem dormir - check!

Os Blocos começavam cedo, e queríamos ir ao Bloco de Santa Teresa, que já tinham dito (diz-se sempre muita coisa... e há sempre alguém para dizer coisas que se dizem por aí) que ia ser muito bom. Então o JP - irmão da Rita que veio passar um mês (e meio) com ela e ficou cá em casa - eu e a Marga fomos a um bloco em Ipanema na quinta-feira porque era pertinho de casa e assim ficávamos frescos o suficiente para acordar às 7 da manhã no dia seguinte de forma a conseguirmos ir cedinho para Sta Teresa. Obviamente que a coisa descambou... Foi muito engraçado porque conseguimos ir mesmo ao lado da bateria de músicos, e deu para aprender algumas músicas e ficarmos já a perceber como funcionava o carnaval de rua: existe uma bateria que vai na frente do autocarro (from now on vai passar a ser ónibus ok?) - então esse ónibus tem um animador que repetidamente canta a mesma música, e a bateria tem de estar coordenada com ele. São distribuídos uns leques de papel com as letras das músicas para as pessoas aprenderem e cantarem em uníssono com a banda, e todo este pomposo desfile deambula por ruas devidamente seleccionadas em certos bairros da cidade.

No dia seguinte mascarámo-nos a rigor... vestimos umas saias de palha, pinturas elaboradas à índio, umas penas na cabeça, e allstar (porque havaianas é sinónimo de pisadelas e grande probabilidade de acabar o dia sem nada nos pés). Descobrimos a grande utilidade de uma fantasia sem muita roupa, e adoptámos o biquini como vestimenta oficial do Carnaval 2012!
Bem, com tanta coisa, chegámos meio atrasados a Santa Teresa, e aquilo estava insuportavelmente cheio de gente. Mas foi assim o primeiro contacto com o verdadeiro carnaval carioca... Toda a gente mascarada, ruas cheias, cerveja às 10 da manhã, um calor infernal, os moradores a regarem as pessoas com mangueiras e baldes de água, e música por todos os lados... Ainda éramos um grupo engraçado, duas índias, o nosso chefe índio, umas bubblicious, chicletes e afins.

Foi muito engraçado, mas bloco, nem vê-lo! Desistimos a meio!

Voltámos para a Zona Sul, e fomos para um bloco no Leblon... Apareceu uma velhinha a varrer a rua, que ficou uns bons minutos a varrer os nossos pés, até que me apercebesse que era o Gether!!


Pré - Carnaval

É Carnaval, e posso garantir que ninguém sabe o que é o carnaval senão os brasileiros, senão os cariocas...

A festa começa com o pré-carnaval, com os ensaios dos blocos (levados muito a sério), e outras actividades que se estendem pelo menos um mês antes do dito cujo.
Agora imaginem-se em pleno mês de Janeiro (mentira, era no ÍNICIO do mês, dia 6) e começa já a "Abertura Não Oficial do Carnaval"... quer dizer, esta gente não brinca em serviço! Ainda no rescaldo do Natal e da melhor passagem de ano do mundo, e já começam dois meses de festividades carnavalescas.
Fomos para a Praça XV, e andámos no meio de ruas apertadas, junto às bandas dos Blocos que não foram seleccionados para o Carnaval. Foi muito engraçado porque estávamos quase dentro da banda, onde se ia juntando qualquer mafarreco que tivesse um instrumento na mão! Mas dava para apreciar o engenho dos "maestros" que com um apito na boca e alguns gestos básicos ia organizando aquela desorganização musical! Apercebi-me quão gringa sou, quando toda a gente à minha volta começa a cantar músicas do início ao fim, e eu: zero! Tudo de braços no ar, a inspirar aquela paixão contagiante pela festa só por si - refiro-me obviamente ao conceito de "festa", e não àquela festa especifica.

No final desse dia, acabámos debaixo do viaduto, a ouvir um bloco que tocava músicas de rock (e outros), como Beatles, Elvis, Nirvana, e, mais surpreendente, a música do Rei Leão: "in the jungle, the mighty jungle, the lion sleeps tonight...." (sing along!) Foi surreal fazer parte de um maranhal de gente debaixo de um viaduto (a acústica era fabulosa) a rodear meia dúzia de músicos com os mais variados instrumentos, tudo aos saltos e a gritar "Áaaauuuuuuuuuuuuuuu-ú-u...ahu-i-a-mân-máuêêê". Nice!

Favela de Santa Marta

Ora voltei voltei!
(só porque está a chover e não há nada para fazer...)

Hoje era dia de ir à praia da Joatinga, mas o tempo não ajudou, e decidimos ficar aqui mais perto de casa.
Aproveitámos a volta turística de uns amigos da Ana, e fomos com eles ver as Favelas do Pavão Pavãozinho e Cantagalo, e a de Santa Marta.

Agora imaginem 8 mulheres branquelas com ar muito pouco carioca a entrar pelo morro adentro... enfim.
Fomos pelo elevador, e entrámos numa pracinha, e imaginem que sorte, havia um showzinho de uma banda Fanfarrada, que estavam a gravar um clip, e fizeram uma deambulação muito musical pelas ruas de Santa Marta, e tocaram umas músicas animadas com direito a coreografia e tudo!
A praça onde estávamos era a que tem a estátua do Michael Jackson, quando ele foi lá gravar o video clip do "They Don't Care About Us", e foi mais uma daquelas situações mesmo à Rio de Janeiro, em que as coisas mais surpreendentes simplesmente acontecem! Não esperávamos chegar lá acima e assistir a uma fanfarra musical, acompanhadas de uma cerveja fresquinha, com aquela vista, as crianças a dançar... fantástico!
Apesar de estar ligeiramente nublado ainda deu para apreciar a vista!
Curiosidade: enquanto estávamos lá em cima à espera do elevador (que é uma espécie de minicarruagemcomformadeteleféricoinclinadosobrecarris) reparámos nuns meninos que se aproximavam com dois livros escolares na mão. A Marga, na sua inocência, perguntou o que eles iam fazer (talvez com alguma esperança nos olhos, a pensar que iam estudar, que bonitinhos), e nesse instante, um deles abre um dos livros e dramaticamente rasga a primeira página enquanto responde "gaivotas!" A Margarida gritou um "naaaaaaaaaaoooooooooo!"com uma cara semelhante à reacção do Luke Skywalker quando o Darth Vader lhe faz a importante comunicação de paternidade. Os miúdos começaram a atirar gaivotas (aviões de papel) e então aí reparámos na absurda quantidade dessas gaivotas que povoavam a encosta junto ao elevador. Eles são realmente especialistas na coisa. Ficámos a admirar uma que foi tão longe que quase chegava a Copacabana! Com direito a aplausos e tudo!

Obviamente que depois apanhámos uma molha descomunal, enquanto fomos a correr para o miradouro, de braços abertos à chuva, mesmo à filme!! Claro que o miradouro ficava longe, estava a ficar escuro e o elevador à nossa espera.... decidimos voltar para trás, molhadas até aos ossos, mas com um daqueles sorrisos na cara...

(by the way... viciei-me no Instagram, sorry!)



Fanfarrada

Marga e Mariana na companhia do Michael Jackson

O pequeno Alexandre pendurado no MJ

Ana e eu